O Globo – 17/05/21

De que adianta aumentar o investimento em educação se os indicadores de aprendizagem não melhorarem? Esse é um questionamento legítimo, que gera debates no mundo inteiro. Uma nova leva de estudos internacionais, porém, reforça que é um erro olhar apenas para o que pode ser mensurado em testes. O mais recente deles foi divulgado na semana passada pelos pesquisadores Guthrie Gray-Lobe (Universidade de Chicago), Parag Pathak (MIT) e Christopher Walters (Berkeley), que avaliaram o impacto da ampliação de préescolas na cidade de Boston (EUA) na década de 90.

Ao compararem grupos beneficiados com outros que ficaram de fora das pré-escolas, os autores identificaram que não houve diferença significativa no desempenho medido em testes. No entanto, como a pesquisa acompanhou esses grupos ao longo da vida, foi possível perceber que ter tido acesso à pré-escola fez diferença significativa em termos de maior conclusão do ensino médio, acesso ao ensino superior, menores taxas de suspensão por indisciplina e de envolvimento em crimes. A pesquisa reforça o que outras feitas com intervenções de pequeno porte já mostravam, mas é relevante por identificar esses efeitos numa política pública em larga escala.